O que escondem as costuras do passado e por que é que os corpetes e os corpetes continuam a ser relevantes hoje em dia? A história destas peças não é apenas moda: é um espelho de valores estéticos, papéis sociais e avanços técnicos que atravessam séculos.
Neste artigo, descobrirá a origem real de cada peça, como diferenciá-las, quais os materiais que as compõem, o seu impacto na saúde e porque é que estão de volta na moda contemporânea e na recriação histórica. Se procura um guia definitivo sobre corpetes e corpetes, aqui tem uma versão clara, documentada e com um tom épico que liga o passado e o presente.
Do espartilho ao corpete: evolução das peças de suporte e ajuste
A cronologia ajuda-nos a perceber quando uma técnica se torna moda e quando a moda transforma o corpo. Segue-se a evolução histórica das peças de suporte desde a Antiguidade até aos nossos dias.
| Época | Evento |
|---|---|
| I. Precedentes antigos e Idade Média (Antes do século XVI) | |
| c. 1600 a.C. | Primeira representação conhecida de uma peça semelhante a um corpete: figurinha minoica (cretense). Era uma peça exterior que deixava os seios descobertos; os cretenses usavam cintos de couro apertados. |
| Antiguidade romana | Uso de faixas de tecido à volta do peito; na Hispânia as mulheres usavam a stola apertada com cinto debaixo do busto. |
| Alta Idade Média (séculos V–XI) | Predomina a indumentária solta e geométrica; não há necessidade generalizada de peças de suporte estruturadas. |
| Plena Idade Média (século XI) | Surge em França a moda do vestido bliaut, mais justo; começam mudanças para peças mais ajustadas. |
| Século XII | Documentado uso de vendas ou quadrados de tecido para segurar os seios. |
| Início do século XIV | Corpete incipiente: “sacos” presos ao seio dentro da camisa, compressão com faixas ou cordões; a roupa justa populariza-se na Europa. |
| Finais do século XV (Baixa Idade Média) | O vestido divide-se em duas peças; a nobreza usa kirtles e corpetes tão justos que a própria peça oferece suporte. Em Castela: cos, corpecico ou corpezuelo. Usam-se reforços de linho grosso, buckram ou cartão para uma frente lisa. |
| Nota crucial | As barbatanas ou reforços rígidos não são documentados até meados do século XVI; portanto, o corpete rígido e redutor não é uma peça medieval. |
| II. Renascimento e Barroco (séculos XVI–XVIII) | |
| Século XVI (Renascimento) | Nasce o corpete com barbatanas (corpete com barbatanas) em Itália ou Espanha; introduzido em França por Catarina de Médici. Impõem-se os “corpos de barbatana” (corps à baleine). |
| Século XVI — silhueta | Forma cónica: achatava o busto e empurrava os seios para cima; não procurava uma redução extrema da cintura. |
| Terminologia (até c.1680) | Em inglês usavam-se os termos bodies ou pair of bodies para se referir a estas peças. |
| Século XVII (Barroco) | Consolidação do uso do corpete ou bodies/stays para além da nobreza. Empregam-se barbatanas de metal, madeira ou osso; introduz-se o busk (estrutura frontal de madeira). |
| Século XVII — Espanha | O corpete continua como peça justa exterior; a cotilla (interior com barbatanas) é documentada a partir do século XVII, posterior ao corpezuelo. |
| c. 1680 | Em inglês o termo bodies/pair of bodies começa a ser substituído por stays. |
| Século XVIII | O termo corpete populariza-se desde meados do século XVIII. A silhueta continua a ser de cone invertido; a peça sustenta o busto, comprime ligeiramente o diafragma e melhora a postura. |
| c. 1795 | Data em que se documenta o significado moderno de “corpete” como peça interior rígida de suporte e constrição da cintura. |
| III. Século XIX: a era do corpete e a silhueta de ampulheta | |
| Finais XVIII – c. 1800 | Período do estilo Império: o corpete cai temporariamente em desuso pela moda neoclássica; aparecem corpetes curtos para sustentar o busto, com cintura elevada debaixo do peito. |
| 1810–1830 | Regresso do corpete; adota forma curva e a silhueta de sablier (ampulheta). |
| Década de 1830 | A cintura volta à sua posição natural e o corpete reforça a silhueta de ampulheta. Começam a usar-se varetas de aço em substituição de algumas barbatanas tradicionais. |
| Década de 1840 | Eliminam-se as alças; construção com peças verticais. Aparecimento de ilhoses metálicos (1828) e do busc metálico frontal (1848) que facilitam o fecho. |
| Década de 1860 | Silhueta de crinolina: o corpete encurta (denominado “corpete banheira”). Começam a introduzir-se os primeiros insertos elásticos. |
| Décadas de 1880–1890 | O trespasse alonga-se; populariza-se o busc de colher que segue a forma arredondada da barriga e acompanha novas modas de saia. |
| IV. Século XX e contemporâneo | |
| Belle Époque / Eduardiano (c. 1890s–1908) | Impõe-se a silhueta em S: Inès Gaches-Sarraute cria o corpete “Droit devant” ou em S, que projeta as ancas para trás e achata a barriga; abandona-se em parte a compressão abdominal. |
| c. 1908–1914 | O corpete alonga-se na parte inferior (cobre coxas) para se ajustar a saias estreitas; perde favor entre parte da população. |
| c. 1913 | O corpete desce abaixo do busto e combina-se com os primeiros soutiens ou brassiers. |
| Anos 20 | Transição para a cinta: procura-se um aspeto tubular, cintura pouco marcada e ancas comprimidas. |
| Anos 30 | Desaparecimento do corpete clássico como peça comum; é substituído por cintas elásticas que perduram em diferentes formas até aos anos 70. |
| Anos 50–60 | Regresso parcial da ênfase na cintura (influência do New Look de Dior, 1947). Em 1952 aparece o Merry Widow, peça que separa e modela os seios. |
| 1968 | Protestos feministas simbólicos onde se atiram cintas e corpetes, denunciados como “instrumentos de tortura feminina”. |
| Anos 80–90 | O corpete reaparece como peça exterior na moda, ligado tanto ao fetichismo como a reivindicações estéticas e de empoderamento. |
| Atualidade | O corpete mantém-se presente na moda, design e cosplay (LARP), maioritariamente como peça estética ou de performance; na vida quotidiana o suporte da figura depende mais de exercício e dieta do que de peças rígidas. |
| Definições e distinções chave | |
| Corpete | Peça sem mangas que cobre o tronco superior de forma ajustada (ombros à cintura), muitas vezes aberta à frente com cordões ou botões. Nome de origem galega (“cuerpecito”). Usada sobre a roupa e em indumentária regional tradicional. |
| Espartilho / Stays | Peça com barbatanas desenhada para modificar e moldar a silhueta; de origem renascentista (séc. XVI). Caracterizada por reforços rígidos (barbatanas, varetas) e destinada a deformar ou estilizar a figura. |
| Cotilla | Peça interior feminina, semelhante ao corpete, com barbatanas para sustentar o busto e as ancas; documentada desde o século XVII em diante. |
| Bustier (moderno) | Combinação de soutien e corpete, geralmente peça interior mais curta e flexível; realça o busto e, em versões com dupla camada, pode estilizar a parte superior do abdómen, mas não modifica a silhueta como um corpete rígido. |
Corpetes e corpetes: design, materiais e construção
Compreender a diferença entre corpete e espartilho é essencial para escolher de acordo com a função e a estética. O corpete normalmente oferece suporte leve e versatilidade; o espartilho aplica estrutura e modelagem pronunciada graças aos seus reforços.
Materiais tradicionais e modernos: seda, algodão grosso, brocados e couro combinam-se com entretelas e barbatanas. Hoje, as varetas podem ser de aço em espiral (flexível) ou plástico para versões menos rígidas.
A nível técnico, o armar de um espartilho exige padrões com múltiplas peças verticais, ilhoses reforçados e um busc no centro frontal para manter a forma. O corpete costuma ser mais simples: menos peças, menos estrutura e possibilidade de tecidos elásticos para maior conforto.
Comparativa rápida
| Aspeto | Corpete | Espartilho |
|---|---|---|
| Função | Suporte e estética leve | Modelagem e mudança de silhueta |
| Estrutura | Flexível, poucas varetas | Reforços rígidos, múltiplas barbatanas |
| Uso | Interior ou exterior, estilo | Principalmente interior ou como peça de moda estruturada |
| Conforto | Alto | Variável: desde confortável a restritivo, conforme o design |
Riscos, saúde e mitos
A história do corpete está cheia de mitos: desde a ideia de que impedia a respiração até acusações de causar danos internos irreversíveis. A realidade é matizada: um corpete mal ajustado ou usado de forma prolongada e extrema pode causar problemas (pressão sobre órgãos, desconforto respiratório, problemas posturais), enquanto um corpete bem desenhado e usado com moderação proporciona suporte postural e estética sem riscos graves.
- Riscos: compressão excessiva, tonturas, desconforto digestivo, alterações circulatórias.
- Prevenção: escolher o tamanho correto, usar materiais de qualidade e alternar períodos de uso; evitar tightlacing extremo.
- Conselho prático: prova gradual: ajusta a peça progressivamente e escuta o teu corpo.
Corpetes e espartilhos na recriação, moda e loja
Hoje convivem dois mundos: a reprodução histórica fiel em recriação e LARP, e a reinterpretação do corpete como peça de moda urbana ou nupcial. Na loja encontrarás peças pensadas para ambas as necessidades: réplicas com materiais tradicionais e versões modernas pensadas para conforto e estilo.
Como escolher de acordo com o teu objetivo
- Recriação histórica: procura materiais e padrões documentados, reforços de madeira ou barbatanas naturais e costuras reforçadas.
- Uso quotidiano ou nupcial: prioriza barbatanas flexíveis, forros suaves e cortes que respeitem a respiração e a postura.
- Moda exterior: escolhe designs com acabamentos visíveis, reforços discretos e tecidos decorativos que realcem o conjunto.
Cuidado e manutenção
Um bom corpete ou espartilho envelhece com graça se for bem cuidado: limpeza localizada, evitar lavagem à máquina, armazenamento pendurado ou em suporte plano e revisão periódica de ilhoses e barbatanas.
- Retira as barbatanas sempre que possível para limpar a peça.
- Utiliza sabões suaves e secagem ao ar longe do sol direto.
- Revisa costuras e ilhoses antes de cada uso intensivo.
Esclarecemos incógnitas sobre espartilhos e corpetes
Quais são as tendências atuais no uso de corpetes e espartilhos?
As tendências atuais no uso de corpetes e espartilhos para 2025 mostram um ressurgimento notável do espartilho como peça visível e de moda, longe de ser apenas uma peça interior restritiva. Os espartilhos são usados hoje como peças estruturadas e justas que realçam a silhueta feminina, e estão presentes em vestidos e conjuntos de gala, dia a dia e street style, com designs diversos que combinam inspiração vintage, materiais modernos e cores variadas. Celebridades como Hailey Bieber, Sydney Sweeney e Miley Cyrus popularizaram esta tendência, que simboliza empoderamento e sensualidade feminina. Ao mesmo tempo, os corpetes e soutiens modernos priorizam o conforto, com estilos sem aros, tecidos suaves e copa completa, adaptando-se às necessidades individuais e evitando desconfortos, refletindo uma mudança cultural para peças mais funcionais e menos opressivas.
- Espartilhos são tendência de moda visível, usados em vestidos e tops estruturados com influências vintage e modernas.
- Espartilhos atuais destacam-se em eventos, passarelas e uso quotidiano, simbolizando feminilidade e empoderamento.
- Corpetes modernos enfatizam conforto e suporte saudável, com designs sem aros e tecidos suaves para uso diário.
- Esta dualidade reflete um equilíbrio entre a recuperação estética do espartilho como peça destacada e a evolução funcional do corpete para conforto e bem-estar.
Que materiais são utilizados atualmente na fabricação de espartilhos?
Os materiais atuais para a fabricação de espartilhos incluem tecidos tradicionais como seda, além de materiais inovadores e sustentáveis, como sedas de origem ética e alternativas modernas. Para a estrutura interna, são empregadas varetas de aço flexíveis ou varetas de plástico para dar forma e suporte. Também são utilizadas entretelas para reforçar os tecidos e acolchoamentos específicos para zonas como o busto. O trabalho artesanal combina técnicas tradicionais com tecnologias modernas para assegurar funcionalidade e elegância.
Como evoluiu a forma do espartilho desde o século XIX até hoje?
A forma do espartilho evoluiu significativamente desde o século XIX até hoje. No século XIX, especialmente na era vitoriana, o espartilho caracterizava-se por uma silhueta de ampulheta com uma cintura extremamente estreita chamada “de vespa”, busto elevado e saias volumosas; era muito rígido, com barbatanas e varetas de aço, e era uma peça popular, acessível e altamente ornamentada. No início do século XX, o espartilho começou a adaptar-se a novas modas mais livres, com silhuetas em forma de “S” que comprimiam o corpo mas tentavam maior conforto e movimento.
Com o avanço do século XX, designers como Paul Poiret e Coco Chanel impulsionaram a eliminação do espartilho tradicional para libertar o corpo feminino, favorecendo peças mais leves e confortáveis. Desde então, o espartilho deixou de ser usado como peça quotidiana e passou a ser mais um elemento de moda ou lingerie.
Hoje em dia, o espartilho voltou com força dentro da moda vintage e nupcial, mas com uma abordagem moderna que combina estética histórica com maior conforto e suporte, oferecendo versões tanto por baixo como por cima do busto para diferentes usos e tipos de corpo. Esta evolução mostra a continuidade da sua forma clássica adaptada a gostos atuais, mantendo a sua essência mas com novas funcionalidades.
Que impacto tem o uso de espartilhos na saúde física e mental das mulheres?
O uso de espartilhos pode ter impactos negativos na saúde física das mulheres, tais como pressão excessiva sobre órgãos internos, o que pode levar ao seu deslocamento e afetar a sua função; também pode causar prolapso de órgãos pélvicos, dificuldade em respirar, mal-estar, desmaios e indigestão. A longo prazo, o uso prolongado e demasiado apertado pode provocar deformações musculares, desvios da coluna, doenças cutâneas e problemas circulatórios que poderiam derivar em afeções graves como embolia pulmonar. Quanto à saúde mental, embora não seja detalhado explicitamente nos resultados, o espartilho tem sido associado historicamente à manipulação do corpo e a limitações sociais que poderiam afetar a autoestima e a imagem corporal das mulheres. No entanto, há casos onde o uso controlado pode ser benéfico, por exemplo, para sustentar as costas durante esforço físico.
Que diferenças existem entre um corpete e um espartilho em termos de design e função?
A principal diferença entre um corpete e um espartilho reside no seu design e função:
- O corpete é uma peça que pode ser usada tanto como roupa interior ou exterior, desenhada para cobrir o tronco da cintura para cima e principalmente tem uma função estética e de suporte leve do busto. Costumam ser mais flexíveis, com menos estrutura rígida, e podem chegar até à cintura ou mais abaixo.
- O espartilho é uma peça interior rígida, desenhada para apertar e moldar o corpo desde debaixo do busto até às ancas, com uma estrutura reforçada mediante barbatanas ou varetas para moldar a silhueta, ajustando fortemente a cintura e achatando ou realçando o busto segundo o seu design. A sua função principal é modificar a forma do tronco de maneira mais drástica e definida.
O corpete é mais flexível e pode ser usado também como peça exterior para realçar o busto e estilizar ligeiramente a figura, enquanto o espartilho é uma peça interior ajustada e estruturada para moldar intensamente a silhueta.
| Tipo | Características principais | Uso recomendado |
|---|---|---|
| Óleo mineral | Alta penetração, não se degrada nem atrai sujidade | Proteção regular e manutenção |
| Óleo de camélia | Natural, livre de ácidos, não volátil | Proteção antioxidante, lubrificação |
| Massa de lítio | Densa, duradoura, não se evapora | Armazenamento prolongado, proteção |
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