As cotas de malha, essas impressionantes armaduras flexíveis e resistentes formadas por milhares de pequenos anéis entrelaçados, capturaram a imaginação da humanidade durante séculos. São um testemunho do engenho e da habilidade artesanal de épocas passadas. Mas alguma vez parou para pensar na peça fundamental que as compõe: os anéis? Compreender os anéis é crucial para apreciar a cota de malha em toda a sua magnitude, seja de uma perspetiva histórica, para a recriação ou mesmo se se aventura a criar a sua própria.
Este artigo irá guiá-lo através do fascinante mundo dos anéis de cota de malha, desde as suas origens até aos distintos tipos e ao meticuloso processo da sua elaboração e manutenção. Se está a pensar em fazer a sua própria cota de malha, um camail, luvas ou proteções para as pernas, precisará, além dos anéis, de uns alicates e muita paciência.
Uma Viagem Através do Tempo: A História dos Anéis de Malha
Embora a sua origem exata seja incerta, os achados mais antigos de cotas de malha datam do século IV a.C. em culturas celtas da Europa. Os gauleses ou celtas são reconhecidos como os inventores da cota de malha. Os romanos logo adotaram esta inovadora forma de proteção, chamando-a Lorica Hamata, e utilizaram-na extensivamente ao longo do seu império. Frequentemente, combinavam anéis estampados com anéis rebitados ou soldados. As cotas de malha romanas costumavam empregar anéis de 6 mm de diâmetro interior (DI), o que resultava num tecido mais fino e resistente, permitindo uma armadura até 30% mais leve sem sacrificar proteção.
Durante a Idade Média, a cota de malha atingiu o seu apogeu na Europa, tornando-se um símbolo da cavalaria. O padrão mais difundido na Europa medieval era o “4 em 1“, onde cada anel se conecta com outros quatro. No entanto, também existiam outras técnicas. Com o avanço tecnológico, a cota de malha experimentou um lento declínio, mas o seu legado perdura, e a sua técnica aplica-se inclusive na atualidade em roupa de proteção moderna.
Escolhendo os Anéis Corretos: Material, Forma e Fecho
Se planeia adquirir ou criar uma cota de malha, a escolha dos anéis é fundamental e determinará a qualidade, autenticidade e funcionalidade da peça final. Os anéis diferenciam-se principalmente pelo seu material, forma e técnica de fecho. Pode poupar muito tempo se comprar os anéis já feitos, pois só terá que os unir.
Material
- Aço carbono: É o material mais autêntico historicamente, mas requer cuidado regular para evitar a oxidação.
- Aço de mola: Oferece alta resistência e menor tendência a oxidar.
- Alumínio: Muito mais leve, ideal para LARP (Live Action Role Playing) ou disfarces. Um haubergeon de alumínio pode pesar menos da metade que um de aço.
- Revestimento: Os anéis podem ser sem revestimento (o mais autêntico), galvanizados (reduzem a oxidação, mas é uma adição moderna e visualmente notória) ou brunidos (oferecem bom aspeto e leve proteção).
Forma e Diâmetro Interior (DI)
Os anéis podem ser redondos ou planos. Os planos, que são achatados a martelo, podem distribuir melhor a força e ser mais resistentes. Quanto ao diâmetro interior, os mais comuns são 6 mm, 8 mm e 9 mm. Um DI menor resulta num tecido mais apertado e, portanto, mais resistente, embora sejam necessários mais anéis para a mesma superfície.
Técnica de Fecho
- Anéis sem rebite (topo): Simplesmente dobram-se. São os mais económicos e rápidos, mas oferecem a menor resistência.
- Anéis rebitados: As extremidades sobrepõem-se e unem-se com um pequeno rebite. São os mais robustos e oferecem maior proteção.
- Anéis estampados (sólidos): Cortam-se de uma só peça de metal e não podem ser abertos.
- Anéis soldados: Um método mais recente que oferece um bom equilíbrio entre estabilidade e esforço de produção.
A Arte de Teçer a Sua Própria Cota de Malha
Elaborar uma cota de malha é uma tarefa que requer paciência, resistência e dedicação. Os ferreiros especializados, conhecidos como “sarwürker” na Idade Média, gozavam de grande prestígio. Para começar, necessitará de pelo menos dois alicates, um cortador de arame e um mandril. Para unir os anéis, o procedimento mais comum é o padrão “4 em 1”.
O processo é simples: pega-se um anel aberto e introduzem-se quatro anéis fechados nele, e depois fecha-se o anel aberto. Assim terá o primeiro “quinteto”. Quando tiver alguns, pode uni-los utilizando outro anel e assim, até formar uma corrente. Para juntar duas correntes, utilize outro anel aberto e passe-o pelos dois anéis inferiores da corrente de baixo e pelos dois anéis inferiores da corrente de cima.
Se conseguiu, já pode fazer malhas. Tudo o que resta é estender o tecido para onde quiser. E comece já o design da peça que quiser montar, sejam luvas, cotas de malha ou qualquer outra proteção.
Cuidado e Reparação da Sua Armadura de Anéis
Como qualquer armadura, a cota de malha requer manutenção constante para preservar a sua durabilidade e eficácia. A limpeza regular e a lubrificação são essenciais para prevenir a oxidação e assegurar a mobilidade dos anéis. Se a sua cota de malha é feita de aço sem revestimento, lubrificá-la de vez em quando evitará problemas de ferrugem.
É inevitável que, com o uso, alguns anéis se soltem ou se danifiquem. Felizmente, reparar a cota de malha é um processo relativamente simples.
Reparação de anéis
- Para cotas de malha sem rebite: Simplesmente abra um novo anel, coloque-o onde for necessário e feche-o com uns alicates.
- Para cotas de malha rebitadas: O processo é similar, mas uma vez que o anel novo está dobrado e fechado, deve inserir e fixar o rebite com um alicate especial.
O Legado do Anel
Os anéis de cota de malha são muito mais do que simples peças de metal; são a base de uma armadura que redefiniu a guerra e se tornou um símbolo cultural. O seu design aparentemente simples esconde uma complexa engenharia e uma história rica, demonstrando como a habilidade artesanal e o engenho humano podem criar inovações que perduram através dos milénios. Compreender os distintos tipos de anéis e o seu processo de fabricação não só enriquece o nosso conhecimento histórico, mas também nos conecta com a arte e a dedicação daqueles que as forjaram e teceram há séculos.
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