A montante é uma das espadas mais imponentes e fascinantes da Idade Média e do Renascimento. O que a diferencia de outras grandes espadas, como era utilizada em batalha e por que continua a despertar interesse hoje em dia? Neste artigo, analisamos a sua origem, design, técnicas de manuseio e como distinguir uma montante de outras espadas longas.
O que é uma montante e por que foi importante nos séculos XV–XVI?
O termo montante refere-se a uma espada de grandes dimensões projetada para ser empunhada com ambas as mãos. O seu comprimento geralmente varia entre 2 e 2,5 metros e o seu peso pode ir até 4 kg. Não é apenas o seu tamanho que a define, mas a sua função tática: romper formações, castigar armaduras e proporcionar alcance nos campos de batalha europeus.
Uma arma pensada para romper fileiras
Nos séculos XV e XVI, as montantes eram empregadas para desarticular as fileiras de piqueiros com armadura e criar aberturas para ofensivas maiores, como cargas de cavalaria. A força do golpe, mais do que a perfuração, costumava produzir fraturas, hematomas e contusões graves, mesmo sem atravessar a couraça.
Design e partes chave da montante
Embora existam variações, há características comuns: lâmina longa e pesada, punho extenso, guardas longas e pomo redondo. O punho representava uma parte importante do comprimento total — um quinto ou um quarto — e era complementado por guardas longas que ofereciam proteção e alavancas para manobras.
Punho, guardas e pomo
Os guardas longos em cruz protegiam as mãos e permitiam bloquear ou desviar armas inimigas. O pomo esférico ou arredondado não era apenas decorativo: facilitava a rotação da mão esquerda, permitindo golpes fluidos e estocadas a maior alcance. Um detalhe importante: o primeiro terço da lâmina geralmente não tinha gume para que a mão direita pudesse apoiar-se ou para facilitar pegadas com as duas mãos.
Técnicas de esgrima com montante
A montante exige uma técnica específica. O seu uso combina cortes com as duas mãos, estocadas longas e movimentos de balanço destinados a criar potência e controlo. Estas técnicas não são intuitivas para quem conhece apenas espadas de uma mão.
- Manuseio com as duas mãos: ambas as mãos no punho para golpes longos e controlados.
- Pegada mista: uma mão no punho e outra sobre o primeiro terço (zona sem gume) para combate a curta distância.
- Falsa guarda: pontas ou relevos perto do início do gume para evitar que a mão escorregue e para melhorar o controlo.
Montante vs. outras espadas longas: montante, bastarda e espadão
A terminologia pode ser confusa: muitas espadas de uma mão e meia foram chamadas montantes, espadões ou espadas bastardas. No entanto, a montante histórica do século XV foi um tipo específico de espada de grandes dimensões, com fins táticos claros.
Chaves para diferenciar
- Comprimento: a montante padrão era excecionalmente comprida (2–2,5 m).
- Peso: mais pesada que uma espada bastarda típica (pode atingir os 4 kg).
- Punho longo: projetado para duas mãos com possibilidade de pegada mista.
Como as armaduras eram impactadas
A evolução das armaduras influenciou muito o design da montante. Em vez de sempre atravessar a placa, a montante procurava causar dano por impacto: concussões, fraturas e deslocamento da armadura. Um golpe certeiro podia deixar um homem fora de combate, mesmo sem perfurar a couraça.
Tamanho, manuseio e ergonomia
Embora pareçam armas desajeitadas, as montantes eram projetadas com ergonomia básica em mente. O comprimento do punho, o equilíbrio do pomo e a distribuição do peso permitiam golpes surpreendentes. A habilidade do portador marcava a diferença entre uma peça ornamental e uma arma eficaz.
Uso em uma mão e meia
Algumas variantes permitiam levar a espada como uma mão e meia: a mão principal no punho e a secundária sobre o primeiro terço. Isso dava versatilidade em espaços reduzidos.
Tabela comparativa: montante e espadas longas
A seguir uma comparação rápida para identificar diferenças práticas.
| Tipo | Comprimento típico | Peso aproximado | Punho | Uso principal |
|---|---|---|---|---|
| Montante (histórica) | 2–2,5 m | 2,5–4 kg | Muito longo, duas mãos | Romper formações, golpear armaduras |
| Montante/Espadão | 1,4–2 m | 1,5–3 kg | Longo, mas mais manejável | Batalha, duelo, treino |
| Espada bastarda | 1,1–1,4 m | 1–1,8 kg | Projetada para uso com uma ou duas mãos | Versátil, combate misto |
A montante na cultura e colecionismo
Hoje, as montantes não interessam apenas a historiadores e recriadores: colecionadores, cineastas e praticantes de artes históricas europeias procuram réplicas funcionais. Existem versões decorativas, funcionais e utilitárias que equilibram estética e segurança.

Onde comprar montantes e o que procurar
Se procura uma réplica ou uma montante funcional, preste atenção a:
- Tipo de aço: aço carbono para funcionalidade, aço inoxidável para exposição.
- Forjado ou moldado: o forjado geralmente oferece melhor resistência estrutural.
- Equilíbrio e punho: teste o peso e a posição do centro de gravidade.
- Detalhe histórico: se lhe interessa a exatidão, compare com modelos históricos e fontes visuais.
Recomendações de uso
Pratique sempre com supervisão e equipamento de proteção. As montantes funcionais requerem técnica e espaço. Para exibição, priorize acabamentos e montagem do pomo e da guarda.
Mitos e erros frequentes
Existem muitas ideias erróneas sobre a montante: que é uma arma inútil pelo seu peso, ou que só servia para choques diretos. A realidade é que o seu design e técnica buscavam o equilíbrio entre alcance, potência e controlo em formações densas.
Erros comuns ao avaliar uma réplica
- Não medir o centro de gravidade.
- Subestimar a resistência do aço.
- Comprar pela estética sem verificar o punho.
Se quiser iniciar-se no estudo da montante
Aproxime-se de grupos de HEMA (Artes Marciais Históricas Europeias), procure instrutores que ensinem técnicas com espadas longas e pratique com réplicas seguras. A progressão deve ser gradual: primeiro trabalho de pés e controlo, depois cortes controlados e, por último, combinações e cargas.
Em poucas palavras: a montante não é apenas uma espada grande; é uma arma com uma função militar precisa, com um design pensado para a guerra em formação. Conhecer a sua história, técnica e características ajuda-o a distinguir réplicas e a valorizar a sua importância histórica.











